Refúgio #11 | A Ilusão
A Ilusão do Controle é uma máxima - a certeza é: você não controla a pessoa ou a situação e, por isso, há frustração dos dois lados. Aprenda a deixar suas crianças serem quem são
Seu filho odeia matemática? Mariana Wechsler, em Vida Simples
Meu filho de 8 anos veio me contar, com um ar de quem lembra de um fato curioso do passado, que quando ele tinha 6 anos dava o seu lanche para um amigo na escola. "Sabe, mãe, o Pedro só levava uma cenoura no lanche", ele disse, com uma expressão de nostalgia e leveza, "então eu dava o meu sanduíche pra ele todo dia. Ele ficava tão feliz comendo e eu também gostava de dividir".
Fiquei surpresa ao ouvi-lo. A gente pensa que conhece cada pedacinho de tudo que acontece na vida dos nossos filhos, que somos responsáveis por cada detalhe e sabemos exatamente o que acontece no dia a dia deles.
Fazemos planos, acreditamos que, se tudo estiver organizado, tudo estará sob controle. Mas ouvir sobre essa amizade e sobre o compartilhamento que ele manteve com tanto carinho sem sequer achar necessário me contar foi como um lembrete de que eu, na verdade, não conheço completamente o mundo dele.
Ouvi-lo me fez pensar sobre o quanto a ideia de controle é ilusória. Quantas histórias como essa acontecem todos os dias, escapando da nossa supervisão? A gente acredita que, ao monitorar cada detalhe, estamos criando uma zona segura, livre de erros.
Como mães, somos levadas a medir nosso desempenho pelo comportamento dos nossos filhos, como se cada atitude, cada decisão deles fosse um reflexo direto da nossa competência. Mas tentar controlar tudo é, no fundo, esgotador e nos distancia do que realmente importa: enxergar e conhecer quem eles são, com o jeito deles de ver e viver o mundo.
O budismo traz o desapego como um caminho de aceitação da realidade, e essa filosofia cabe perfeitamente na maternidade. Quando soltamos a necessidade de saber tudo, passamos a perceber que nossos filhos têm seu próprio universo, e é mágico quando eles escolhem compartilhar um pedaço disso conosco.
Cada vez mais, entendo que meu papel é menos sobre vigilância e mais sobre oferecer um espaço seguro para que eles façam suas próprias escolhas, como quando meu filho decidiu compartilhar o lanche, sem me contar, como se aquilo fosse apenas o curso natural das coisas.
Deixar o controle de lado, embora desafiador, nos permite estar realmente presente. E essa presença traz algo essencial: a vontade deles de nos deixar entrar no seu mundo, de nos mostrar quem eles são. E essa abertura, essa conexão, acaba nos ensinando mais do que qualquer tentativa de controle.
Me conte como essa reflexão chega em você e se faz sentido.
Se você busca refletir mais sobre essa jornada, recomendo o livro “Parenting with Presence” de Susan Stiffelman, que explora como a presença consciente e a aceitação podem transformar a relação com nossos filhos.
🌹 Um Livro 🌹
Para aprofundar no tema, recomendo o livro Como falar para seu filho ouvir e ouvir para seu filho falar, de Adele Faber e Elaine Mazlish. Este guia prático ajuda a melhorar a comunicação e a fortalecer o relacionamento com os filhos, oferecendo ferramentas para lidar com os desafios de cada fase com empatia e respeito.
Assim como no jogo do jantar, em que cada rodada é uma chance de ouvir e conhecer melhor os outros, nossas interações com os filhos, em todas as fases, são oportunidades para aprender e crescer juntos. Afinal, educar é também um caminho de autoconhecimento, e a transformação começa em nós, adultos.
🌹 Uma Conversa 🌹
🌹 Lembrei desses aqui 🌹
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Publico mensalmente uma coluna muito especial em Vida Simples e tenho muitos artigos também publicados no caderno da Mariana Kotscho e Papo de Mãe no UOL, desenvolvi um podcast independente para centenas de ouvintes e construí essa newsletter no Substack, pela qual tenho prosperado nesses últimos dois anos graças a vocês leitoras.
Sou uma escritora, ainda sem livros publicado, e esta comunidade se tornou meu lugar favorito para sair e compartilhar minhas experiências e conhecimento. Sou apaixonada por escrever e ser remunerada por isso.
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Mariana, bom dia!
Prazer em conhece-la, mais lindo que criar filhos, ama-los e cria-los é ve-los no futuro criando suas próprios filhos,
Do jeitinho que fizemos com eles.
Criei 2 filhos e 2 irmãos.
Hoje são 6 netos de 10 a 15 anos - a se criaram como irmãos.
Lindo suas dicas.
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