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**foto da capa deste artigo: de krakenimages na Unsplash
Sábado, onze da manhã. O céu parece ter dado uma trégua depois de meses que pareciam séculos. O inverno se despede, mas ainda deixa uns pingos frios aqui e ali, como se quisesse testar a nossa coragem de guardar os casacos de vez. Ainda assim, ousamos. Chinelo, protetor solar, mochila com lanche, água, toalhas e lá vamos nós.
Meus filhos correm na frente, cada um carregando um pedaço de mim que já não me pertence mais. É assim que eu vejo: cada campeonato, cada treino, cada mergulho deles na água é também um mergulho meu em tudo o que eu não consegui ser, mas também em tudo o que me tornei por ter tido a coragem de tentar.
Outro dia, depois de um dia desses de sol e campeonato, minhas meninas vieram, cada uma de um lado, quentes de sol e de vontade de falar. Me contaram sobre uma colega da natação uma garotinha que chorava tanto, inconsolável, porque mais uma vez chegou em último em todas as modalidades.
A derrota, se é que a gente pode chamar assim, se tornava maior que ela e lá estavam minhas filhas, no auge da própria confiança, dizendo coisas que eu mesma queria ter ouvido quando era pequena: “Esse pensamento não vai te levar a lugar nenhum. Treina, treina e assim você vai melhorar.”
Enquanto elas falavam, eu fiquei pensando em como é fácil a gente se colocar no lugar do “café com leite”, no lugar de quem não conta ponto, o participante do pega-pega que ninguém corre atrás porque “coitadinho, não alcança mesmo”. Aquele que a gente é ensinado a ser para não incomodar, para não se frustrar demais, para não tentar demais.
Só que, por dentro, é assim que a nossa autoconfiança vai derretendo, um degrauzinho por vez, não é de repente que a gente deixa de acreditar em si, é de pouquinho em pouquinho, cada vez que você não tenta, cada vez que se protege do mico, cada vez que aceita que “não é pra mim”.
A ciência que estuda o cérebro das crianças e dos adultos nos mostra uma coisa poderosa, que tantos estudiosos da mente e do coração já sopraram por trás de palavras difíceis: a confiança nasce do fazer, do tentar, do brincar, do cair e levantar. Não tem atalho, não tem outro caminho, nosso cérebro aprende segurança quando encontra margem de risco, não quando tudo é certeza.
Quando minhas filhas falaram pra coleguinha: “Treina, você vai melhorar”, eu quase quis interromper pra dizer: “Treina, erra, tenta de novo, chora, respira, volta pra água, tenta de novo.
Porque é aí que mora o músculo invisível da autoconfiança: ele se constrói como qualquer outro músculo, é repetição, é treino, é paciência, é não desistir.
Duvidar de quem somos por dentro é como virar as costas pro próprio motor, é como ter um barco e nunca soltar as velas, com medo do vento, a nossa força não aparece antes, ela se revela enquanto a gente vai, é na tentativa, no tropeço, na teimosia de levantar mais uma vez.
Quando, no lugar do “eu não dou conta”, a gente experimenta um “e se eu fosse?”, algo dentro de nós se acende, é como riscar um fósforo no escuro, a coragem não chega primeiro é a ação que acende a coragem.
Testar limites, brincar de chegar mais perto do que parecia impossível, é um jeito de dizer pra si mesma: “Eu mereço ver quem sou de verdade.” Talvez você nem saiba o tamanho do seu fôlego porque nunca mergulhou tão fundo, talvez não conheça a força do seu braço porque ainda está na beirada, só molhando o pé.
Então eu te peço agora: pensa aí, onde você ainda se trata como figurante? Em qual pedaço da vida você ainda se põe no cantinho, quieta, esperando que ninguém peça demais? Será que não está na hora de se colocar em campo, no meio do jogo?
Talvez você também tenha sido o filho mais novo, ou a mais frágil, ou a boazinha da turma, talvez ainda carregue esse papel, sem perceber e se não for, mas mesmo assim estiver vivendo como se fosse, vale lembrar o quanto era sem graça brincar de esconde-esconde quando ninguém procurava a gente de verdade.
Dessa vez, vai lá, deixa o vento bater no rosto e vê do que você é capaz.
Talvez, lendo tudo isso, você pense nos seus filhos. Nos campeonatos deles, na pressão, nas lágrimas, mas pense também em você em quem você pode ser para eles quando mostra, na prática, que também está tentando, que também falha, que também volta, que também se dá uma segunda chance. Criança aprende mais com o que a gente faz do que com o que a gente fala, você já sabe disso.
Então, da próxima vez que sentir o medo sussurrando: “Deixa pra lá, você não vai conseguir”, faça o contrário, entre na água fria, respire e vá até onde você nunca foi, não para ganhar de ninguém, mas para ganhar de si mesma.
Aqui em casa, depois que minhas filhas contaram essa história, a gente combinou uma coisa: toda vez que alguém disser “Eu não consigo”, o outro vai responder: “Deixa eu ver se você consegue. Parece bobo, mas muda tudo, dá pra tentar agora mesmo.
Se essa conversa fez sentido pra você, compartilhe com quem precisa lembrar do próprio poder e se quiser aprofundar essa escuta na sua casa, na sua rotina, vem conversar comigo. Na Correnteza, tem espaço pra todo mundo que quer aprender a confiar de novo em si, nos filhos, na vida.
Um mergulho de cada vez.
Com carinho,
Mariana Wechsler
Correnteza, porque toda criança carrega um rio dentro de si e todo adulto precisa aprender a nadar.
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